Quem pensa na Marinha Grande, lembra-se dos belos trabalhos em vidro que aí se faziam e que caracterizaram durante dois séculos e meio esta pequena cidade, de população operária. Esta indústria teve início com uma Fábrica, que actualmente é o Museu do Vidro.
Devido a circunstâncias diversas, nas quais se incluiu os recursos naturais existentes nesta região (extensas florestas, areias silicosas, kali e a proximidade de boas argilas), em 1748 a Real Fábrica dos Vidros passou de Coina para a Marinha Grande, tendo esta ficado sob a administração de John Beare.
Mas só a partir de 1769, com a administração de Guilherme Stephens, e sob o protecionismo do Marquês de Pombal, é que se assiste ao desenvolvimento da industria vidreira. Seguindo as instruções de Pombal, Stephen adquire os terrenos onde se situava a velha fábrica de John Beare, e o que restava desta, e com a ajuda do pessoal vidreiro que ficara sem emprego com o encerramento daquela, conseguem repor a laboração da mesma em tempo record.
À morte de Guilherme, segue-se o irmão deste, João Diogo Stephens, que continua o trabalho do irmão, até à sua própria morte em 1826. SeIguindo o testamento de Diogo Stephens, a fábrica é legada à Nação, passando por várias administrações até à entrega desta, em 1919, a uma Comissão Administrativa, constituída por membros do Governo e marinhenses.
A Comissão não teve sucesso e acabou por desmembrar-se, seguindo-lhe a administração de Acácio Calazans Duarte, até 1966, que consegue recuperar a fábrica. A designada de "Fábrica Escola dos Irmãos Stephens", em 1954, passou a empresa pública depois do 25 de abril de 1974, e posteriormente, a Sociedade Anónima, que devido às administrações e conflitos laborais, encerra a 29 de maio de 1992.
Apesar de ser uma referência vidreira, esta industria teve um decaimento nas últimas décadas na região, vindo a ser substituída por industrias diversas, de moldes, plásticos, cartão, etc. Mas foi e sempre será esta indústria a caracterizadora da região e das suas gentes.