Junho é o mês dos santos populares e das tradicionais festas que trazem às cidades mais cor e alegria.
Estas festividades têm as suas origens nos antigos rituais pagãos do solstício de verão, cuja tradição foi continuada pelo cristianismo ao passar a celebrar nestas alturas dois dos mais tradicionais santos de Portugal, Stº António (celebrado em Lisboa) e S. João (celebrado no Porto).
Nesta altura o cheirinho a sardinhas assadas invade as ruas, o vinho jorra nos copos (atualmente, mais a cerveja), a música e os folguedos invadem as cidades em romarias e marchas povoadas de arcos e balões, não esquecendo o cheirinho dos manjericos No Porto o povo é benzido com alho-porro e os martelinhos coloridos não dão sossego a qualquer cabeça. Nalguns locais, salta-se a fogueira para dar sorte e compra-se o manjerico que se cheira com a mão, para não murchar.
Uma das tradiçóes que se tem perdido com o passar dos tempos, é o das crianças armarem à porta de casa o trono do santo e pedirem um tostãozinho por Santo António ou São João.
Nos tempos antigos tudo começava com a passagem do inverno pela primavera, do ciclo natural da fecundidade dos solos e da aproximação das colheitas. Era então necessário afastar as secas, as doenças e a esterilidade com rituais e sacrifícios. O homem e a mulher tinham uma relação mais direta e íntima com a Natureza, um respeito e adoração místicas por um universo comum no qual se reviam. Por esta razão, não espanta que ainda hoje Santo António e São João tenham a grande responsabilidade de serem os santos casamenteiros.
Segundo a tradição a água das orvalhadas da madrugada de São João tem poderes excecionais de
purificação, regeneração e proteção, garantindo amores felizes e casamento próximo, para além de proporcionar vigor aos idosos e beleza aos jovens.
Este simbolismo universal das águas também se observa nos poderes místicos de certas plantas, como o alho-porro, o manjerico, a alcachofra, o cardo ou a cidreira. A alcachofra tem o poder de adivinhar a realização do casamento, devendo por isso ser queimada ou chamuscada na véspera do dia 24, à meia-noite, na fogueira de São João - "Em louvor de São João, para ver se [ ...] me quer bem ou não" - e deixada ao relento, enterrada num vaso.
O casamento está garantido se a planta reflorir no dia seguinte.
A tradição das fogueiras de São João está relacionada com o ancestral culto do Sol, em que o fogo simboliza o poder purificador e fertilizante. O saltar da fogueira está estreitamente ligado à saúde, ao acasalamento e à fecundação.
Os festejos têm inicio com Santo António no dia 13, e Lisboa viria a elegê-lo seu patrono.
Protetor dos marinheiros e das raparigas casadoiras nasceu Fernando de Bulhões em Lisboa, a 15 de agosto de 1195, e morreu António em Pádua, com 36 anos. Desassossegado e suportando a custo os constrangimentos das leis dos homens, não conhecia outra vontade senão a de Deus. Pregador exímio, a sua missão evangelizadora e os seus muitos milagres valeram-lhe um culto popular que se intensificou nos séculos XV e XVI. O povo trata-o por tu e põe-lhe o Menino ao colo. Quanto mais o venera mais dele espera e por isso as raparigas castigam-no, mergulhando-o de cabeça na água ou voltando-o contra a parede, se os seus pedidos de casamento e namoro não são atendidos. É famoso o responso ao Santo António por objetos perdidos ou pessoas sem paradeiro. Segundo Teófilo Braga "é adorado como um feitiço contra todos os males, e como tal também amarrado, exposto ao relento ou deitado num poço para satisfazer o que se lhe pede".
Já a véspera de 24 de junho é a altura de São João Batista, o "apóstolo do amor" que terá nascido a 24 deste mês, anunciado pelo anjo Gabriel, e foi o precursor do Messias, a quem batizou como estava determinado. Morreu a pedido de Salomé, que exigiu a sua cabeça por indicação de sua mãe Herodíades, com quem Herodes mantinha uma relação ilícita. A festa de São João tem no Porto o seu maior expoente e dimensão, assumindo quase um carácter mágico pela forma intensa como os seus habitantes vivem a festa.
Fonte: Infopédia